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ECONOMIA

População endividada. Poder de compra cai no Governo Lula

08/08/2025 às 15:07

Inadimplência chega a 28,6% e atinge maior nível em dois anos em Santa Catarina

O percentual de famílias com contas em atraso deu um salto em julho em Santa Catarina. A taxa chegou a 28,6%, um aumento de 2,6 pontos percentuais em relação ao mês anterior. Com isso, o estado atingiu o maior nível de inadimplência em dois anos — em julho de 2023, o índice era de 31%. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), divulgada mensalmente pela Fecomércio-SC, em parceria com a Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Outro indicador que acende o alerta é o percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar as dívidas, que chegou a 8%, o maior patamar registrado neste ano. Segundo o presidente da Fecomércio-SC, Hélio Dagnoni, a economia catarinense começa a sentir de forma mais intensa os efeitos do ciclo de alta dos juros do Governo Lula, atualmente no maior nível em quase 20 anos.

“Estamos vendo uma deterioração do ambiente econômico como reflexo dos juros excessivamente altos. Muitos esperavam uma retração já no primeiro semestre, mas os resultados ainda foram positivos. Agora, com o cenário externo também adverso, observamos a piora de alguns indicadores na ponta. Acreditamos que o aumento da inadimplência pode ser um reflexo disso”, avalia Dagnoni.

Apesar da alta, a inadimplência em Santa Catarina segue abaixo da média nacional, que ficou em 30,2%. Por outro lado, supera a média histórica estadual, estimada em aproximadamente 22%.

Endividamento também cresce

Santa Catarina também registrou aumento no nível de endividamento em julho. O índice, que representa a disposição das famílias para realizar financiamentos ou compras parceladas de curto, médio e longo prazo, subiu para 71,8% — alta de 1,5 ponto percentual em comparação a junho. Mesmo com o crescimento, o número ainda está abaixo da média histórica do estado, de 75,3%.

No cenário nacional, o indicador alcançou 75,8% no mês. De acordo com a economista da Fecomércio-SC, Edilene Cavalcanti, o resultado reflete um cenário de cautela por parte das famílias diante das atuais condições econômicas.

“A leve alta em julho sugere que, apesar do esforço para controlar as dívidas, a necessidade de crédito continua presente, refletindo os desafios na gestão financeira das famílias”, explica Edilene.

Tipos de dívida

O cartão de crédito segue como principal forma de endividamento dos consumidores catarinenses, citado por 77,8% dos entrevistados — uma leve queda de 0,2 ponto percentual em relação a junho.

Os carnês apresentaram a maior redução no período (-1,8 p.p.), seguidos pelos financiamentos de veículos e imóveis, ambos com queda de 0,9 p.p. O recuo pode indicar menor demanda por crédito de longo prazo. Também houve diminuição nas dívidas com cheque especial (-0,3 p.p.), crédito consignado (-0,3 p.p.) e outras modalidades (-0,7 p.p.).

A única categoria que registrou aumento foi o crédito pessoal, com alta de 1,3 ponto percentual, possivelmente refletindo maior necessidade de liquidez no curto prazo.

Mário Serafin / Fonte: CNC e Fecomércio-SC