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SAÚDE

MPSC denuncia médico na morte de paciente na realização de tatuagem em SC

09/07/2025 às 16:12

Profissional teria aplicado anestesia geral sem exames prévios em homem que faria o procedimento nas costas. Ministério Público aponta quebra de protocolos médicos e pede reparação de danos.

O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) denunciou um médico de 34 anos pela prática de homicídio culposo, após a morte de um paciente durante a realização de uma tatuagem com anestesia geral, em Itapema, no mês de janeiro deste ano.

De acordo com a denúncia oferecida pela 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Itapema, o médico teria agido com negligência ao aplicar anestesia geral em um homem de 45 anos, que faria uma tatuagem nas costas, sem realizar consulta prévia ou exigir exames clínicos obrigatórios, como eletrocardiograma e radiografia de tórax - condutas recomendadas para pacientes com histórico de hipertensão e idade superior a 40 anos.

A vítima sofreu uma parada cardiorrespiratória logo após a aplicação da anestesia, vindo a óbito no local. O médico teria conhecido o paciente apenas no momento do procedimento, o que, segundo a Promotoria de Justiça, viola normas técnicas estabelecidas pelo Conselho Regional de Medicina de SC.

"Na última sexta-feira, dia 4, foi realizada audiência para proposta de acordo de não persecução penal, mas o médico optou por não aceitar os termos sugeridos pelo Ministério Público. Diante disso, não restou alternativa senão o oferecimento da denúncia", explicou o Promotor de Justiça Leonardo Fagotti Mori.

Com base nos laudos periciais e nos depoimentos colhidos durante o inquérito policial, o Ministério Público requereu o prosseguimento da ação penal, com a citação do denunciado, a realização de audiência e, ao final, sua condenação e a reparação dos danos causados à família da vítima.

Ricardo Godoi sofreu parada cardíaca durante anestesia

A vítima sofreu uma parada cardiorrespiratória logo após a aplicação da anestesia, morrendo no local. O médico teria conhecido o paciente apenas no momento do procedimento, o que, segundo a Promotoria de Justiça, viola normas técnicas estabelecidas pelo Conselho Regional de Medicina de SC.

“Na última sexta-feira, dia 4, foi realizada audiência para proposta de acordo de não persecução penal, mas o médico optou por não aceitar os termos sugeridos pelo Ministério Público. Diante disso, não restou alternativa senão o oferecimento da denúncia”, explicou o promotor de Justiça Leonardo Fagotti Mori.

Com base nos laudos periciais e nos depoimentos colhidos durante o inquérito policial, o Ministério Público requereu o prosseguimento da ação penal, com a citação do denunciado, a realização de audiência e, ao final, sua condenação e a reparação dos danos causados à família da vítima.

Ricardo Godoi sofreu parada cardíaca durante anestesia – Foto: Redes Sociais/Reprodução

Ricardo Godoi sofreu parada cardíaca durante anestesia – Foto: Redes Sociais/Reprodução

Relembre caso de morte de influenciador em SC

Segundo a família, o Ricardo Godoi teria ganhado as tatuagens em uma parceria e ele iria fechar as costas. Para evitar dor no processo, ele teria optado pela anestesia, já que outros colegas haviam feito dessa forma.

Os familiares disseram à NDTV RECORD, na época, que estavam receosos quanto a este procedimento, mas o influenciador já teria tomado essa decisão. Outra informação é que ele teria usado anabolizantes por anos, mas teria parado há 5 meses, pois a esposa estava tentando engravidar.

Pouco antes da nota de falecimento, ele informou por meio dos stories que faria uma tatuagem nas costas, minutos depois, Godói postou: “Estou nesse momento entrando em um procedimento cirúrgico, só volto após às 16h”.

Cerca de 10 horas depois, o perfil postou a nota de falecimento: “É com profundo pesar que comunicamos o falecimento de Ricardo Godói às 12h”.

Segundo a Polícia Civil, o laudo pericial apontou que ele tinha hipertrofia no coração (desenvolvimento excessivo do músculo). Na certidão de óbito, as causas da morte são paradas respiratória e cardíaca devido ao uso de anabolizantes.

Especialista aponta possíveis riscos de procedimento

Na época da ocorrência, o portal ND Mais conversou com um especialista para compreender os possíveis riscos que o procedimento anestésico poderia trazer no caso de Ricardo Godoi.

Segundo o cardiologista Raphael Boesche Guimarães, reações alérgicas, instabilidade cardiovascular e complicações graves, como paradas cardiorrespiratórias, podem ocorrer mesmo em pacientes saudáveis.

“Esse é um procedimento que deve ser feito exclusivamente em ambientes controlados, com monitoramento contínuo e equipe treinada para responder prontamente a complicações”, explica.

O médico ressalta que a anestesia geral para tatuagens, embora não seja proibida, deve ser tratada com extremo rigor. Nesses casos, a consulta pré-anestésica é essencial para avaliar os possíveis riscos.

Godói tinha hipertrofia no coração

O exame pericial atestou que o influenciador tinha hipertrofia no coração, que é o crescimento anormal de um músculo. Conforme confirmado pelo delegado responsável pelo caso ao ND Mais, o laudo médico de Godói utiliza o termo HVE (Hipertrofia Ventricular Esquerda) para classificar a condição sofrida pela vítima.

Na certidão de óbito, as causas da morte são paradas respiratória e cardíaca devido ao uso de anabolizantes. A família confirmou que ele já utilizou a substância, porém o influenciador teria parado 5 meses antes do procedimento.

O uso de anabolizantes busca a hipertrofia, ou seja, o aumento muscular. Em conversa com o ND Mais, o médico anestesista Ricardo Zanlorenzi disse que existem medidas que devem ser adotadas quando um paciente apresenta a condição.

“A partir desse grau, a gente vai utilizar monitores mais invasivos, vai mudar as doses das medicações e até mesmo contraindicar alguma anestesia. Mas temos que saber que o paciente usa para conseguir investigar”, completou.

/ Fonte: MPSC e ND+