29/08/2025 às 17:38
A cirurgiã vascular e médica cooperada da Unimed Chapecó, Dra. Letícia Mattiello, diferencia que, no lipedema, a gordura tende a se localizar nos membros e menos na parte central do corpo (Foto: Divulgação).
Conheça o lipedema, doença crônica que afeta milhares de mulheres ao redor do mundo
Condição é caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura nas pernas, quadris e braços
Você já ouviu falar em lipedema? Muitas vezes confundida com obesidade, essa condição, cujos sintomas foram descritos pela primeira vez em 1940, ganhou um marco importante em 2022 ao ser incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse reconhecimento tem possibilitado o aumento da conscientização sobre seus sintomas e impactos.
O cirurgião vascular e cooperado da Unimed Chapecó, Dr. Tiago Peliser, explica que o lipedema é uma condição crônica caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura subcutânea, geralmente nas pernas, quadris e, às vezes, braços, poupando os pés e as mãos. “É uma doença inflamatória e progressiva, que afeta quase exclusivamente mulheres e tem forte componente genético e hormonal”.
De acordo com o Instituto Lipedema Brasil, a doença atinge 10% das mulheres no mundo e, pelo menos 5 milhões de brasileiras apresentam os sintomas, mas poucas sabem que se trata de uma doença.
LIPEDEMA X OBESIDADE
Realizar dietas para tentar eliminar essa gordura sem saber que se trata de lipedema, faz parte da história de muitas mulheres que vivem com a doença. A cirurgiã vascular e médica cooperada da Unimed Chapecó, Dra. Letícia Mattiello, diferencia que, no lipedema, a gordura tende a se localizar nos membros (braços e membros inferiores) e menos na parte central do corpo. Diferentemente da obesidade, que concentra gordura inclusive no tronco e outras regiões.
“No lipedema, as regiões onde se concentra a gordura em geral doem muito ao toque, existe uma facilidade para surgimento de hematomas, nódulos e, conforme a progressão, linfedema, sensação de peso e cansaço nas pernas. Além disso, a presença ou não de lipedema independe da obesidade no paciente. A gordura do lipedema tende a ser mais dolorosa e inflamada”, reforça.
Sua prevalência em mulheres, conforme a Dra. Letícia, se dá, principalmente, pela questão hormonal. “As mulheres tendem a acumular mais gordura nos membros, a depender da genética de cada uma. Mas, em geral, a distribuição da gordura corporal em uma grande porcentagem de mulheres se localiza nos membros, em detrimento do abdômen e tronco”, esclarece.
COMO IDENTIFICAR A DOENÇA?
O Dr. Tiago destaca que os sintomas característicos do lipedema incluem: acúmulo desproporcional de gordura nas pernas e/ou braços; dor ao tocar e sensação de peso; tendência a hematomas espontâneos; piora durante o ciclo menstrual ou em fases hormonais (puberdade, gravidez, menopausa); pés e mãos preservados (o que ajuda a diferenciar de linfedema) e dificuldade em perder volume nessas regiões, mesmo com dieta e exercício.
O diagnóstico do lipedema é clínico, geralmente realizado por um médico especializado em distúrbios vasculares, como um angiologista ou cirurgião vascular. “O diagnóstico é baseado na história clínica e no exame físico do paciente. Testes de imagem como o ecodoppler podem ajudar a excluir outras condições, como insuficiência venosa, mas não confirmam diretamente o diagnóstico de lipedema”, complementa o Dr. Tiago.
TRATAMENTOS
A Dra. Letícia explica que o tratamento para o lipedema sempre envolve inicialmente uma abordagem clínica multidisciplinar. Entre os disponíveis, ela destaca o uso de medicamentos flebotônicos (que estimulam o retorno venoso e linfático e reduzem a fragilidade capilar) e a terapia compressiva, com o uso de ataduras e meias elásticas para estimular o retorno venoso e linfático e reduzir os sintomas de peso, cansaço e edema.
“Também, é recomendado realizar ajustes na dieta, com a redução de carboidratos e açúcares, associado ao acompanhamento nutricional individualizado, além da condução de exercícios por um fisioterapeuta especializado em distúrbios vasculares”, reforça a Dra.
O Dr. Tiago sugere, também, como tratamentos conservadores para o lipedema, a drenagem linfática manual, exercícios de baixo impacto como hidroginástica ou caminhada e suplementos e medicamentos prescritos para alívio da dor e redução da inflamação.
INDICAÇÃO CIRÚRGICA
Tratamentos cirúrgicos para o lipedema são indicados em casos específicos, para melhorar a funcionalidade e a estética. “De fato, a cirurgia figura como uma das opções terapêuticas nos casos de moderada a grave intensidade, principalmente quando observado o impacto significativo da qualidade de vida e baixa resposta às abordagens conservadoras”, observa o Dr. Tiago.
Conforme o cirurgião vascular, a cirurgia é recomendada quando a paciente possui dor e desconforto persistentes, dificuldade de locomoção, progressão da doença e prejuízo estético com impacto emocional. Os tipos de cirurgia são a lipoaspiração tumescente com técnica específica para preservação linfática e, em alguns casos, lipoaspiração assistida por vibração ou laser.
A Dra. Letícia complementa que o tratamento cirúrgico para o lipedema envolve uma equipe multidisciplinar composta pelo cirurgião plástico, cirurgião vascular e fisioterapia, por meio de lipoaspiração dos membros e/ou dermolipectomia. “É importante lembrar que o tratamento cirúrgico para o lipedema envolve riscos e só deve ser indicado por meio da avaliação conjunta de uma equipe multidisciplinar e em casos de reportada falha no controle dos sintomas com o tratamento clínico. A maioria dos pacientes acaba por ter uma excelente resposta a essa abordagem conservadora”, reforça.
QUALIDADE DE VIDA
Para viver uma vida com qualidade, mesmo com o lipedema, a cirurgiã vascular reforça que, por se tratar de uma doença crônica, os cuidados para o controle dela devem ser diários, uma vez que o descontrole dos fatores piora a inflamação. “Manter as rotinas de cuidados alimentares, atividade física, terapia compressiva e acompanhamento médico são muito importantes para um bom controle da doença”.
O Dr. Tiago também assinala a importância de manter um peso saudável com uma alimentação equilibrada, evitar traumas nas pernas que possam causar hematomas, fazer drenagem linfática com especialistas e realizar acompanhamento médico periódico.
ESTÁGIOS DO LIPEDEMA
Conforme a Dra. Letícia Mattiello, o lipedema pode ser classificado em quatro estágios:
Grau 1 – Aumento do tecido adiposo nos membros, com nódulos.
Grau 2 – Nódulos maiores, pele irregular, com protuberâncias.
Grau 3 – Grandes massas de tecido adiposo fibrosado, flacidez.
Grau 4 – Acúmulo maior de gordura, deformidades e assimetrias.
Fonte: Comunicação Interna Unimed Chapecó
Mário Serafin / MBCom
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