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DIPLOMACIA

Trump assina tarifa de 50% e considera Brasil ameaça aos EUA

14/07/2025 às 13:47

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma Ordem Executiva (OE), nesta quarta-feira (30), que considera o Brasil uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional dos EUA, classificação semelhante à adotada contra países considerados hostis a Washington, como Cuba, Venezuela e Irã.

"O presidente Donald J. Trump assinou uma Ordem Executiva implementando uma tarifa adicional de 40% sobre o Brasil, elevando o valor total da tarifa para 50%, para lidar com políticas, práticas e ações recentes do governo brasileiro que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos", diz o comunicado da Casa Branca. 

A Ordem Executiva considera que “a perseguição, intimidação, assédio, censura e processo politicamente motivado pelo Governo do Brasil contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores são graves violações dos direitos humanos que minaram o Estado de Direito no Brasil”. 

O governo estadunidense repete a versão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que afirma ser perseguido no processo em que é acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado no Brasil. 

Segundo a denúncia, Bolsonaro pressionou comandantes militares para suspender o resultado da eleição presidencial de outubro de 2022, quando perdeu para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Emergência Nacional 

Com o título “Enfrentando uma emergência nacional”, o comunicado da Casa Branca declara o governo brasileiro uma ameaça aos EUA com base na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA) de 1977.

A Casa Branca argumenta que as políticas e ações do governo brasileiro prejudicam empresas, a liberdade de expressão de cidadãos, a política externa e a economia dos EUA.

Segundo Trump, as tarifas impostas ao Brasil são para lidar com as “ações imprudentes” do governo brasileiro.

“O Presidente Trump está protegendo a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos de uma ameaça estrangeira. Em linha com seu mandato eleitoral, o presidente Trump também tomou outras medidas para alcançar a paz por meio da força e garantir que a política externa reflita os valores, a soberania e a segurança dos EUA”, completa o comunicado.

Mídias sociais

No informe, o governo Trump voltou a acusar o Brasil de limitar a atuação das plataformas digitais.

“Recentemente, membros do governo brasileiro tomaram medidas sem precedentes para coagir, de forma tirânica e arbitrária, empresas americanas a censurar discursos políticos, remover usuários de plataforma, entregar dados sensíveis de usuários americanos ou alterar suas políticas de moderação de conteúdo”, diz o comunicado.

O Supremo Tribunal Federal (STF) tem suspendido redes sociais ligadas a Trump. Em fevereiro deste ano, o ministro do STF Alexandre de Moraes mandou suspender a Rumble, rede social da Trump Media & Tecnology Group (TMTG), dona também da Truth Social.

A companhia foi suspensa por não apresentar representante legal no Brasil, uma exigência da legislação nacional.

Em agosto de 2024, Moraes suspendeu a plataforma X, também sediada nos EUA, por descumprir decisões judiciais e não apresentar representante legal no país.

Veja o comunicado da Casa Branca na íntegra

ENFRENTANDO UMA EMERGÊNCIA NACIONAL: Hoje, o Presidente Donald J. Trump assinou uma Ordem Executiva implementando uma tarifa adicional de 40% sobre o Brasil, elevando o total da tarifa para 50%, para lidar com políticas, práticas e ações recentes do Governo do Brasil que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos.

A Ordem declara uma nova emergência nacional usando a autoridade do Presidente sob a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional de 1977 (IEEPA) e estabelece uma tarifa adicional de 40% para enfrentar as políticas e ações incomuns e extraordinárias do Governo do Brasil que prejudicam empresas americanas, os direitos de liberdade de expressão de cidadãos americanos, a política externa dos EUA e a economia americana.

A Ordem conclui que a perseguição política, intimidação, assédio, censura e processos judiciais contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores constituem graves abusos de direitos humanos que minaram o Estado de Direito no Brasil.

USANDO INFLUÊNCIA PARA PROTEGER NOSSOS INTERESSES: O Presidente Trump reafirmou consistentemente seu compromisso de defender a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos contra ameaças estrangeiras, incluindo a proteção da liberdade de expressão, a defesa de empresas americanas contra coerção censória ilegal e a responsabilização de violadores de direitos humanos por seu comportamento fora da lei.

Recentemente, membros do Governo do Brasil tomaram ações sem precedentes para coagir de forma tirânica e arbitrária empresas americanas a censurar discurso político, remover usuários de plataformas, entregar dados sensíveis de usuários americanos ou alterar suas políticas de moderação de conteúdo sob pena de multas extraordinárias, processos criminais, congelamento de ativos ou exclusão total do mercado brasileiro. Isso compromete não apenas a viabilidade das operações comerciais de empresas americanas no Brasil, mas também a política dos Estados Unidos de promover eleições livres e justas e proteger direitos humanos fundamentais dentro e fora do país.

Por exemplo, desde 2019, o Ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil, Alexandre de Moraes, tem abusado de sua autoridade judicial para ameaçar, perseguir e intimidar milhares de seus opositores políticos, proteger aliados corruptos e suprimir dissidências, frequentemente em coordenação com outros membros do STF, em prejuízo de empresas americanas que operam no Brasil.

-- O Ministro Moraes emitiu unilateralmente centenas de ordens para censurar secretamente seus críticos políticos. Quando empresas americanas se recusaram a cumprir essas ordens, ele impôs multas substanciais, ordenou a exclusão dessas empresas do mercado de redes sociais no Brasil, ameaçou seus executivos com processos criminais e, em um caso, congelou os ativos de uma empresa americana no Brasil para forçar o cumprimento.

-- De fato, além de prender indivíduos sem julgamento por postagens em redes sociais, o Ministro Moraes está atualmente supervisionando o processo criminal do Governo do Brasil contra Paulo Figueiredo, residente nos EUA, por declarações feitas em solo americano, e apoiou investigações criminais contra outros cidadãos americanos após eles denunciarem suas graves violações de direitos humanos e corrupção.

O Presidente Trump está defendendo empresas americanas contra extorsão, protegendo cidadãos americanos contra perseguição política, salvaguardando a liberdade de expressão americana contra censura e protegendo a economia americana de ser sujeita a decretos arbitrários de um juiz estrangeiro tirânico.

COLOCANDO A AMÉRICA EM PRIMEIRO LUGAR: Ao impor essas tarifas para enfrentar as ações imprudentes do Governo do Brasil, o Presidente Trump está protegendo a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos contra uma ameaça estrangeira. Em linha com seu mandato eleitoral, o Presidente Trump também tomou outras medidas para alcançar a paz por meio da força e garantir que a política externa reflita os valores, a soberania e a segurança dos EUA.

No primeiro dia de mandato, o Presidente Trump assinou uma “Diretiva de Política América Primeiro” ao Secretário de Estado, declarando que a política externa dos Estados Unidos deve sempre priorizar os interesses da América e de seus cidadãos.

Em conformidade com essa diretiva, em 28 de maio de 2025, o Secretário Rubio anunciou uma política de restrição de vistos direcionada a estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos.

De acordo com essa política, em 18 de julho, o Presidente Trump ordenou ao Secretário Rubio que revogasse os vistos pertencentes ao Ministro Moraes, seus aliados no Tribunal e seus familiares imediatos por seu papel em permitir as violações de direitos humanos contra brasileiros e violações de liberdade de expressão contra americanos.

Preservar e proteger os direitos de liberdade de expressão de todos os americanos e defender empresas americanas contra censura forçada continuará sendo prioridade na estratégia de política externa América Primeiro do Presidente Trump.

O Presidente Trump já utilizou tarifas com sucesso no passado para promover os interesses da América e enfrentar outras ameaças urgentes à segurança nacional, e está fazendo isso novamente hoje.

FIESC faz reunião do comitê de crise “Ministro Moraes”, nesta segunda, 28

Na próxima segunda-feira, 28, às 13h30, a Federação das Indústrias de SC (FIESC) realiza a primeira reunião aberta do Comitê de Crise sobre o Tarifaço dos EUA. O evento ocorre exclusivamente online pela plataforma Zoom, com participação aberta a todas as indústrias exportadoras de Santa Catarina. 

“A mobilização dos industriais exportadores e a participação na reunião e na pesquisa são essenciais para que todas as perspectivas sejam consideradas, e dados robustos e confiáveis possam embasar as demandas para mitigar os impactos na economia de SC”, avalia o presidente da Federação, Mario Cezar de Aguiar.

Durante a reunião, a FIESC vai lançar uma pesquisa para medir os impactos da entrada em vigor das tarifas de 50% sobre o setor industrial. A entidade vai ouvir os empresários e a pesquisa vai subsidiar propostas e encaminhamentos para a crise sob a perspectiva da indústria. 

SERVIÇO:

Reunião aberta Comitê de Crise - Tarifaço

Quando: segunda-feira, 28/7, às 13h30

Onde: Online, via Zoom

Inscrições:  https://us02web.zoom.us/meeting/register/DjsnGig4QGWWPIkAUrXgJg#/registration

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14.07.2026

Ameaça ao GPS, Efeito Moraes

A escalada de tensões entre Brasil e Estados Unidos subiu mais um degrau com o anúncio de sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, pelo Departamento de Estado americano.

O secretário de Estado americano, Marco Rubio, anunciou a revogação do visto do ministro do STF para entrar nos Estados Unidos citando "caça às bruxas" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo a Folha de S.Paulo, bolsonaristas disseram ter sido informados por membros do Departamento de Estado dos EUA que a revogação de vistos de Moraes e outros integrantes da Corte seria "apenas o começo".

Entre as novas sanções cogitadas, disseram aliados do ex-presidente ao jornal, estariam aumentar as tarifas de importação de produtos brasileiros de 50% para 100%, adotar punições em conjunto com a aliança militar Otan e até mesmo o bloqueio do uso de satélites e GPS.

Mas é possível "cortar" o sinal do GPS? A BBC News Brasil conversou com especialistas para entender se realmente é possível bloquear o sistema de geolocalização no país.

O que é e como funciona o GPS?

O Sistema de Posicionamento Global, mais conhecido pela sigla em inglês GPS (Global Positioning System) oferece com rapidez e precisão a localização de um ponto na superfície terrestre.

Ele é utilizado em celulares, carros, aeronaves, embarcações e sistemas de monitoramento, como tornozeleiras eletrônicas, e é essencial para áreas como navegação, cartografia e monitoramento ambiental.

Criado pelo Departamento de Defesa dos EUA no final do século 20, o sistema foi desenvolvido originalmente com fins militares, como o direcionamento de mísseis, localização de tropas e execução de manobras táticas.

A corrida espacial impulsionou a sua criação. Em 1957, a então União Soviética lançou o Sputnik, primeiro satélite artificial da história. Já o primeiro satélite operacional do GPS foi lançado em 1978, e o sistema atingiu sua configuração plena em 1995, com 24 satélites em funcionamento.

Nos anos 1990, a tecnologia passou a ser amplamente aplicada para usos civis, que vão do controle do tráfego aéreo a aplicativos de informações para rotas em celulares.

O sistema conta com 24 satélites, que estão distribuídos em seis planos orbitais ao redor da Terra, de forma que, em qualquer ponto do planeta, pelo menos quatro deles estejam sempre visíveis a um receptor GPS. Esse é o número mínimo necessário para o sistema funcionar corretamente.

Cada satélite transmite continuamente um sinal de rádio com informações sobre sua posição e o horário exato de emissão, baseado em um relógio atômico.

O receptor, ao captar esse sinal, registra o tempo de chegada da mensagem e o compara com o horário indicado pelo satélite. A diferença de tempo permite calcular a distância entre o receptor e o satélite.

Como a onda de rádio se desloca à velocidade da luz, mesmo variações de frações de segundo representam milhares de quilômetros.

Com os dados de quatro satélites distintos, o receptor consegue triangular sua posição com alta precisão. Se os sinais forem captados somente de um ou dois satélites, a localização estimada será menos confiável ou ambígua.

O sistema oferece dois tipos de serviço: o Standard Positioning Service (SPS), disponível a todos os usuários civis do mundo, e o Precise Positioning Service (PPS), de uso restrito às forças armadas norte-americanas e seus aliados.

É possível bloquear o GPS em um país?

Os sinais transmitidos pelos satélites do GPS são unidirecionais: saem do espaço e alcançam, ao mesmo tempo, receptores em qualquer parte do mundo, explica o engenheiro Eduardo Tude, especialista nas áreas de Redes Ópticas, Sistemas Celulares e Comunicações por Satélite e presidente da Teleco, consultoria em Telecomunicações.

Por isso, ele afirma ser improvável cortar o sinal do GPS somente para um país ou território, sem afetar regiões vizinhas.

"Esses satélites ficam transmitindo continuamente um sinal para todo mundo. E o dispositivo que temos em Terra, pega o sinal desses satélites e calcula sua posição. É muito difícil bloquear isso para um país porque o sistema transmite para todo mundo, quem quiser pegar aquele sinal", explica.

"É como a TV aberta, eu poderia bloquear o acesso a ela numa casa se ela fosse projetada para ter um código, como a TV por assinatura tem para receber", continua o engenheiro. "Se os EUA resolvessem fazer isso, ele teria que mexer, primeiro, na forma como é transmitido esse sinal. Em termos práticos, seria praticamente inviável fazer isso, ainda mais no curto prazo."

"Não dá para cortar esse sinal sem atingir outros países e mesmo os EUA. Não acredito que eles estejam realmente cogitando isso."

realmente cogitando isso", diz engenheiro especialista em telecomunicações

Poderiam existir maneiras, no entanto, de interferir localmente no funcionamento do GPS. Algumas dessas técnicas já foram usadas em zonas de conflito ou de interesse estratégico.

A principal é o jamming, um bloqueio de sinal feito com dispositivos que emitem ondas de rádio para neutralizar o sinal original dos satélites.

"O jamming consiste em prejudicar a recepção do sinal do GPS com um transmissor na mesma frequência, mais forte. Para fazer isso para atingir o Brasil, por exemplo, seria necessário estar aqui para criar essa interferência, o que prejudicaria muita gente", diz Tude. "Seria um ato de sabotagem."

Em maio de 2024, a Rússia provocou interrupções em sistemas de navegação por satélite que afetaram milhares de voos civis, segundo especialistas ouvidos pela BBC News.

Naquele ano, um avião da Força Aérea Real britânica que transportava o secretário de Defesa do país chegou a ter seu sinal de GPS bloqueado ao sobrevoar áreas próximas ao território russo.

Na guerra com a Ucrânia, o país tem utilizado sistemas avançados de guerra eletrônica, como o Zhitel and Pole-21, para bloquear sinais de GPS em áreas próximas às áreas de conflito. A tática serve para "cegar" mísseis guiados, neutralizar drones e dificultar a movimentação de tropas inimigas.

Outra técnica é o spoofing, que consiste em enganar o receptor, substituindo sinais legítimos por falsos, indicando uma localização incorreta.

A engenheira mecânica Luísa Santos, especialista em Indústria e Sistemas Aerospaciais pela Universidade de Buenos Aires (UBA), também acredita que a possibilidade de os americanos restringirem ou degradarem o sistema é remota.

"Embora o sinal civil seja fornecido 'gratuitamente' ao mundo (pago indiretamente por impostos), os EUA mantêm a capacidade de negar ou degradar o acesso a determinadas regiões. No entanto, particularmente, acredito ser muito difícil devido questões diplomáticas de longo termo que temos com os EUA", afirma.

Alternativas ao GPS

Uma hipotética restrição do GPS afetaria diversos setores civis como transportes, com interrupções na aviação, navegação marítima e logística; telecomunicações e energia, já que as redes precisam do tempo preciso do GPS para sincronização; e até em bancos e finanças — o sistema é usado para fornecer o tempo exato em transações eletrônicas.

"Em caso de conflito, as forças dos EUA manteriam acesso aos sinais militares criptografados, enquanto civis e possíveis adversários poderiam ser bloqueados. Haveria impacto global, mas existem outras fontes de geoposicionamento hoje", afirma Santos.

Como alternativa ao GPS, é possível desenvolver sistemas próprios, como o sistema russo GLONASS, o chinês BeiDou e o Galileo, da União Europeia. Há também sistemas regionais, como indiano NavIC e o QZSS, no Japão.

"Esses sistemas são interoperáveis e, em muitos dispositivos modernos, funcionam em conjunto com o GPS. Há também sistemas de backup terrestres, como o eLoran, Navegação de Longo Alcance Aprimorada, em uso em alguns países, para garantir posicionamento e tempo mesmo sem satélites", explica Santos.

A divulgadora científica Ana Apleiade, mestranda em Astrofísica na Universidade de São Paulo (USP), afirma que, em uma hipotética queda do sistema GPS, seria possível usar outras redes.

"Embora improvável, tecnicamente os Estados Unidos poderiam restringir ou degradar o sinal civil do GPS em determinadas regiões, por motivos militares ou estratégicos", diz.

"Ainda assim, o Brasil e o mundo não ficariam completamente no escuro. Há outros sistemas disponíveis, e a maioria dos celulares, aviões, navios e equipamentos modernos já são compatíveis com múltiplas constelações de satélites. Ou seja, o GPS não é mais o único sistema disponível."

"Mas é um assunto mais delicado do que apertar um botão para desligar", finaliza.

Fonte: BBC News Brasil

ANTERIORES:

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, defendeu o caminho das negociações com os Estados Unidos antes de recorrer à retaliação imediata.

O posicionamento é consenso no setor e foi definido em reunião virtual ontem (14) entre todos os presidentes de federações da indústria.

Alban participa de encontro entre empresários e autoridades no Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) para discutir a estratégia de resposta do país às medidas da Casa Branca, com a presença dos ministros Geraldo Alckmin (MDIC), Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).

Indústria reitera pedido para adiar início da taxação

O dirigente também reforçou o pedido para que o governo articule juntos aos Estados Unidos uma ampliação de 90 dias para o começo da vigência da nova tarifa de 50% imposta aos produtos brasileiros.

“Estamos falando aqui só de perde-perde. Não tem ganha-ganha. Perde a indústria, perde a economia, perde o social. Gostaríamos de colocar na mesa um adiamento de 90 dias no prazo para início da vigência (da tarifa)”, pontuou Alban. “Queremos colocar a discussão de acordos setoriais e bilaterais. Discutir bitributação”, completou.

A estimativa preliminar da indústria é de uma perda de pelo menos 110 mil postos de trabalho, caso a medida entre em vigor nos termos anunciados, além de forte impacto sobre o PIB.

Alckmin, destacado pelo Palácio do Planalto para encabeçar as negociações com os americanos, destacou que o governo vai trabalhar para reverter as novas tarifas, consideradas por ele “completamente inadequadas”.

Ele reiterou que EUA têm superávit na relação com o Brasil há 15 anos e a tarifa média dos produtos que os norte-americanos exportam para o nosso país é de 2,7%. “Temos uma importante complementariedade econômica. É importante conversarmos com os parceiros americanos no setor industrial para mostrarmos que a medida encarece também os produtos deles”, acrescentou Alckmin.

É preciso objetividade e pragmatismo, diz CNI

Ricardo Alban alertou que é preciso objetividade e pragmatismo por parte do governo e do setor privado na negociação. “O que não queremos neste momento é perder a razão. É importante essa parceria. É muito difícil o setor industrial encontrar alternativas de médio prazo para substituir esse mercado dos EUA”, afirmou.

Uma comitiva de empresários e representantes de associações industriais participa da reunião, incluindo o presidente da Federação de Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Josué Gomes da Silva; o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso; a presidente-executiva da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), Janaína Donas; o presidente emérito da Associação Brasileira Indústria Têxtil e de Confecções (Abit); Fernando Pimentel; o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira; o CEO da Tupy, Rafael Lucchesi; o CEO da Embraer, Francisco Gomes, entre outros.

FIESC: O que já se sabe sobre as novas tarifas de 50% dos EUA (14/07/2025)

A Câmara de Comércio Exterior da Federação das Indústrias de SC (FIESC) realizou nesta segunda-feira (14) uma reunião emergencial com industriais exportadores de Santa Catarina para esclarecer o que já se sabe sobre os impactos da tarifa anunciada de 50% pelo governo norte-americano. 

A presidente da Câmara, Maria Teresa Bustamante, explicou que embora se tenha conhecimento sobre a intenção de Trump de taxar produtos brasileiros em 50%, ainda não foram publicadas informações oficiais pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos. 

O que já se sabe:

  • Ainda não existem detalhes oficiais sobre como as novas tarifas serão aplicadas, se haverá isenções ou reduções setoriais.
  • O Departamento de Comércio dos EUA deve publicar, nos próximos dias, informações esclarecendo esses pontos.
  • A aduana norte-americana também deverá publicar normas oficiais detalhando quando e como as tarifas passam a ser cobradas. Uma das principais dúvidas dos exportadores é qual data a aduana norte-americana vai considerar para início da cobrança da nova taxa (a partir de 1 de agosto), se será a data de embarque no Brasil ou a data de entrada nos Estados Unidos.
  • Os setores que estão sob investigação pela seção 232, como madeira e derivados, minerais críticos e aeronaves, motores e autopeças, terão o atual nível de tarifas mantido, até que a investigação seja concluída. 
  • Para o aço e alumínio, setores que já estão tendo sobretaxa após a investigação da 232, não haverá cumulatividade. Neste caso, apenas a taxa já em vigor de 50%.
  • Automóveis e peças de automóveis seguem taxados em 25%.
  • Produtos farmacêuticos serão taxados em 200%.
  • Filmes serão taxados em 100%.
  • Semicondutores serão taxados em 25% ou mais.
  • Cobre sofrerá taxação de 50%.

Principais setores afetados:

  • Madeira e produtos de madeira - em 2024, 37,3% das exportações de SC para os Estados Unidos foram desse segmento. O setor está atualmente sob investigação para medir o impacto das importações de madeira e seus derivados sobre a segurança dos EUA - a chamada seção 232. Até o fim da investigação, as tarifas estão mantidas nos atuais patamares.
  • Veículos automotores e autopeças - as exportações do ramo têm participação de 14,8% no total das vendas externas catarinenses para os EUA. Hoje, estão submetidos a tarifa de 25%.
  • Equipamentos elétricos - responsáveis por 13,3% das exportações do estado para os Estados Unidos. Serão submetidos a tarifa de 50%.
  • Máquinas e equipamentos - Responsáveis por 6,8% das vendas externas de SC para os EUA. Serão submetidos a tarifa de 50%.
  • Móveis - responsáveis por 6,7% das exportações catarinenses para os EUA. O setor também está submetido à investigação da seção 232.

A reunião trouxe ainda informações sobre os próximos passos da FIESC na defesa dos interesses dos exportadores do estado. O presidente da entidade, Mario Cezar de Aguiar, tem reunião marcada para esta quarta-feira (16) com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e com a Secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, para tratar de tarifas.  Além disso, reúne-se com a CNI em Brasília para alinhar a participação da entidade no grupo de trabalho a ser criado pelo governo brasileiro para debater o tema. 

A presidente da Câmara também atualizou os industriais do setor de madeira e derivados sobre o andamento da defesa brasileira na investigação da seção 232.

Fonte: Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - FIESC

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Frigoríficos interrompem compras de boi diante de possível tarifa de 50% imposta pelos EUA

Brasil deve perder espaço no mercado norte-americano para concorrentes como Austrália, Argentina e Uruguai (Fotos: Portal do Agronegócio/Luiz Nogueira)

Setor avalia impactos da nova taxação nas exportações de carne bovina; preços da arroba recuam e mercado atacadista registra oscilações

Frigoríficos deixam de negociar boi gordo por causa de nova tarifa dos EUA

O mercado físico do boi gordo encerrou a última semana com forte retração nas compras por parte dos frigoríficos. A principal razão é a avaliação dos possíveis impactos da nova tarifa adicional de 50% que os Estados Unidos devem aplicar sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.

De acordo com o analista da Safras & Mercado, Fernando Iglesias, o cenário também pressionou o mercado futuro do boi, que registrou queda acentuada — especialmente no dia 10 de julho. Isso se deve à relevância dos EUA para o setor: em 2025, o país deverá representar cerca de 15% das exportações brasileiras de carne bovina.

Perda de competitividade frente a outros exportadores

Segundo Iglesias, caso a nova tarifa entre em vigor sem alterações até o fim de julho, o Brasil deve perder espaço no mercado norte-americano para concorrentes como Austrália, Argentina e Uruguai. “A tarifa compromete diretamente a competitividade da carne brasileira nos EUA”, destacou o analista.

Preços da arroba recuam nas principais praças do país

Com a instabilidade no mercado, os preços da arroba do boi gordo caíram em diversas regiões do Brasil no dia 10 de julho:

  • São Paulo (Capital): R$ 300,00 a arroba, queda de 3,23% em relação aos R$ 310,00 da semana anterior.
  • Goiás (Goiânia): R$ 290,00, recuo de 1,69% ante os R$ 295,00 da semana passada.
  • Minas Gerais (Uberaba): R$ 295,00, baixa de 1,67% frente aos R$ 300,00 anteriores.
  • Mato Grosso do Sul (Dourados): R$ 305,00, retração de 1,61% em relação aos R$ 310,00.
  • Mato Grosso (Cuiabá): R$ 315,00, preço estável na comparação semanal.
  • Rondônia (Vilhena): R$ 275,00, sem variação em relação à semana anterior.

Mercado atacadista apresenta preços mistos

O mercado atacadista de carne bovina também registrou oscilações nos preços ao longo da semana. Segundo Iglesias, o ambiente sugere espaço para eventuais reajustes ao longo da primeira quinzena de julho, tradicionalmente marcada por maior consumo.

Quarto traseiro: R$ 22,50 o quilo, queda de 2,17% frente aos R$ 23,00 da semana passada.

Quarto dianteiro: R$ 18,75 o quilo, alta de 1,35% em relação aos R$ 18,50 anteriores.

Iglesias também destacou o aumento da competitividade da carne de frango, que tem se mostrado mais atrativa ao consumidor em comparação com a carne bovina.

Exportações de carne bovina seguem em alta em julho

Apesar das incertezas com os EUA, as exportações brasileiras de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada iniciaram julho em alta. Nos primeiros quatro dias úteis do mês, os embarques renderam US$ 269,931 milhões, com média diária de US$ 67,483 milhões.

  • Volume exportado: 48,715 mil toneladas (média diária de 12,178 mil toneladas)
  • Preço médio por tonelada: US$ 5.541,00
  • Em comparação com julho de 2024, os dados representam:
  • Aumento de 48,4% no valor médio diário exportado
  • Crescimento de 18,1% na quantidade média diária exportada
  • Avanço de 25,7% no preço médio da tonelada

Mário Serafin / Fonte: Agência Brasil e Reuters