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OPINIÃO

“Estudo do observatório do agronegócio no Brasil identificou 142 agrogolpistas”

02/07/2025 às 18:41

O observatório do agronegócio no brasil, de olho nos ruralistas, entidade civil, pesquisou em vários documentos produzidos a partir dos atos da tentativa de golpe na democracia brasileira e identificou, entre mais de 1.500 nomes, 142 pessoas do agronegócio envolvidas diretamente nos diversos atos antecedentes que culminaram com a depredação do patrimônio público, a invasão nos prédios dos três poderes em 08 de janeiro de 2023 que nunca deverá ser esquecido! Anistia jamais!

Por óbvio que os mais de 4.000 manifestantes serviram de massa de manobra para os desvairados que queriam continuar no poder, mesmo após perderem as eleições de outubro de 2022.

As condenações das pessoas do “andar de baixo” já deveriam ter chegado às pessoas do “andar de cima”, mas, como sempre, os do “andar de cima” possuem muita grana para as respectivas defesas extra judicial e judicial e, por isso, ainda não tem nenhum “grandão” condenado. Mas, muito em breve, alguns “peixes grandes” cairão na rede e serão presos!

O estudo que culmina no relatório divulgado em 25.06.2025 está disponível em:

https://deolhonosruralistas.com.br/wp-content/uploads/2025/06/agrogolpistas-2025.pdf

O dossiê do de olho nos ruralistas, “agrogolpistas” consolida listas de fazendeiros e sócios de empresas indiciadas por bloqueio de rodovias, acampamentos e o 8 de janeiro; impunes, sojicultores de mt, go e ba têm contratos com btg pactual e syngenta. Quem é o “pessoal do agro”? Quais os nomes dos empresários do agronegócio que financiaram a intentona golpista liderada por bolsonaro e catrefa? 

Agrogolpistas – o relatório é inédito e consolida 142 nomes de empresários do agronegócio que apoiaram tentativa de golpe e algumas perguntas pairam desde 21 de novembro de 2024, quando a polícia federal (pf) indiciou o ex-presidente e outras 36 pessoas por tentativa de golpe de estado. O relatório publicado naquele dia revelou a existência do plano punhal verde e amarelo: uma trama de homicídio orquestrada por membros das forças armadas e do alto escalão do governo. O objetivo? Decretar um regime de exceção e assassinar o presidente eleito luiz inácio lula da silva, seu vice geraldo alckmin e o ministro alexandre de moraes, do supremo tribunal federal (stf).

A participação do agronegócio no plano foi detalhada após a prisão do tenente-coronel mauro cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente. Em depoimento à procuradoria-geral da república, ele afirma ter recebido cerca de r$ 100 mil em espécie. Com notas entregues em uma sacola de vinho pelo general walter braga netto, que contou a cid sobre a origem do valor: “o general braga netto entregou e comentou que era alguém do agro que tinha dado, mas eu não sei o nome de quem foi que passou pra ele”.

Quem é esse “pessoal do agro” sem rosto, sem nome e, ainda, impune? Para responder a essa pergunta, de olho nos ruralistas lançou na última quarta-feira (25.06.25) o relatório “agrogolpistas“, que identifica 142 empresários do setor que atuaram no suporte logístico ou financeiro a atos golpistas entre o segundo semestre de 2022 e o fatídico 8 de janeiro de 2023.

Os agrogolpistas não são apenas fazendeiros caricaturais, com chapelão e botas, nos rincões do país. Ao longo de 89 páginas, é possível encontrar o nome de bancos e multinacionais diretamente ligadas aos empresários que financiaram o terror. Eles recebem financiamento de instituições como Santander, Rabobank e John Deere. E possuem contratos de fornecimento e parceiras com gigantes como BTG. É claro que dentro da “legalidade empresarial”.  O Pactual e Syngenta — esta última, parte da cadeia de financiamento da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

O dado mais alarmante diz respeito à responsabilização: salvo aqueles (poucos) que foram flagrados nos atos terroristas de 8 de janeiro, nenhum dos nomes respondeu juridicamente pelo fomento ao golpe de Estado, que, ainda bem, ficou só na tentativa. Muitas pessoas falam em defesa da liberdade, mas, essas pessoas, possivelmente, nunca viveram a ditadura (1964/1985) para saber o que é não ter liberdade de se expressar, de ir e vir, de se divertir, de ir a uma balada até 6h da manhã, entre outra liberdades que naqueles anos de chumbo nos foi roubada!

Observatório analisou 1.452 nomes para traçar relação com agronegócio
Durante quatro meses, o núcleo de pesquisas do observatório percorreu listas de pessoas físicas e jurídicas investigadas por contratar a infraestrutura dos acampamentos golpistas — geradores, tendas, banheiros químicos, alimentos — e por viabilizar o trancamento de rodovias de norte a sul do país.

A base de dados de financiadores de atos antidemocráticos — 551 nomes, ao todo — foi complementada pela relação dos 898 réus responsabilizados criminalmente em inquéritos do STF relativos ao 8 de janeiro e pela lista de indiciados da Operação Lesa Pátria, da PF. Por último, forma incluídos na análise os nomes de três fazendeiros paraenses investigados por fornecer apoio aos terroristas George Washington de Oliveira Sousa e Alan Diego dos Santos Rodrigues, responsáveis pela tentativa de atentado à bomba no aeroporto de Brasília, na véspera do Natal de 2022.

A partir desses dados, a equipe procurou identificar relações diretas com o agronegócio: propriedade de imóveis rurais registradas no cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ou no Cadastro Ambiental Rural (CAR); sociedade em empresas agropecuárias registradas na Receita Federal; e o registro de beneficiários do seguro rural pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. No caso das empresas privadas indiciadas, a pesquisa foi estendida para seus sócios.

Ao todo, constatamos que 142 fazendeiros e empresários do agronegócio foram implicados por sua participação em atos antidemocráticos.

Eles correspondem a 10% de todos os nomes analisados ao longo da pesquisa. Esses dados podem — e provavelmente estão — subestimados, uma vez que são comuns os casos de pessoas físicas com homônimos e, devido à Lei Geral de Proteção de Dados, tanto as bases fundiárias do Incra quanto as da Receita Federal deixaram de exibir o número do CPF.

Só foram listados neste relatório os casos em que houve confirmação absoluta de relação com o agronegócio.

“Arco da soja” concentra 71% dos agrogolpistas

Argino Bedin lidera clã que mais contribuiu com envio de caminhões ao QG do Exército, em Brasília. 
Foi justamente desse eixo de onde saiu a maior parte dos caminhões identificados pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) entre os veículos estacionados em frente ao Quartel General (QG) do Exército em Brasília: 56 dos 234 caminhões enviados ao acampamento golpista tinham origem em Sorriso (MT), o maior polo produtor de soja do mundo.

Desse total, 28 pertencem a duas famílias que se interligam. Com dez nomes na lista, o clã Bedin enviou quinze caminhões para a capital federal. Unidos aos Bedin pelos negócios e pelo casamento, os Lermen enviaram treze veículos para o QG golpista.

O grupo é liderado pelo pioneiro Argino Bedin, o “pai da soja” de Sorriso. O mesmo empresário que se calou diante da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, no Senado. Quando retornou a Sorriso, quatro dias após seu depoimento, Argino foi ovacionado em um evento de gala organizado por políticos e expoentes do agronegócio mato-grossense.

O caminho que liga o Arco da Soja às movimentações golpistas passa ainda pelas organizações de representação do agronegócio: seis empresários investigados em processos relativos ao 8 de janeiro e aos acampamentos golpistas são dirigentes da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), uma das organizações fundadoras do Instituto Pensar Agro (IPA), o braço logístico da bancada ruralista no Congresso.

Entre eles, Christiano da Silva Bortolotto, ex-presidente da Aprosoja de Mato Grosso do Sul e do Sindicato Rural de Amambai (MS), onde protagoniza um conflito histórico contra o povo Guarani-Kaiowá do Tekohá Kurusu Ambá.

Agrogolpistas: BTG Pactual compra soja de dez investigados por financiar atos antidemocráticos

2 de julho de 2025  BrasilDestaque Combate Racismo Ambiental

Documento lista contratos de fornecimento com empresários que bloquearam rodovias e apoiaram acampamentos; banco de André Esteves empregou líderes do governo Bolsonaro; dossiê”Agrogolpistas” consolida 142 nomes do agronegócio ligados ao golpe inconcluso

Por Bruno Stankevicius Bassi e Tonsk Fialho, em De Olho nos Ruralistas

O BTG Pactual possui contratos de compra de soja— a vencer em 2034 — com dez fazendeiros implicados nas investigações de atos antidemocráticos. A informação está em um documento do próprio banco que, em 2024, emitiu R$ 8,5 bilhões em Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA) junto a fornecedores. Controlado pelo investidor André Esteves, o BTG Pactual foi fundado também por Paulo Guedes, ministro da Economia durante o governo de Jair Bolsonaro. Com um valor de mercado estimado em R$ 181,7 bilhões, é o maior banco de investimentos da América Latina e a segunda maior instituição financeira do Brasil, atrás apenas do Itaú.

Um desses fornecedores é Argino Bedin, chamado de “pai da soja” em Sorriso (MT) e um dos personagens centrais do dossiê “Agrogolpistas” lançado na última quarta-feira (25/06) por este observatório. Segundo um relatório da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), membros da família Bedin eram proprietários de quinze caminhões fichados no Quartel-General do Exército em Brasília — de onde saiu a passeata que culminou no quebra-quebra de 8 de janeiro.

A lista consolidada no relatório “Agrogolpistas”, mostra um grupo de fazendeiros e empresários integrado em cadeias globais, envolvendo multinacionais como Syngenta, Santander, Rabobank e John Deere. O dado contraria uma narrativa disseminada pela mídia corporativa e pelo diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, a de que não existiriam “megafinanciadores” do 8 de janeiro.

Outros cinco nomes dessa lista estão ligados ao empresário mato-grossense Argino Bedin: seu sobrinho Luciano Bedin; Alexandro Lermen, cunhado de Evandro Bedin, outro sobrinho; Fabiano Rodrigo Fiut, sócio da filha de Argino; João Darci Giusti Junior, ex-sócio na Sociedade Aérea G5; e Edemar Potrich, sócio do primo Ary Pedro Bedin na Intervias Concessionária, que administra um trecho da Rodovia BR-242.

Completam a lista de fornecedores do BTG: Albino Perin, Alexandre Burin, Denis Ogliari e Lucas Costa Beber. Este último ocupa a vice-presidência da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) e comanda a regional de Mato Grosso da organização ruralista.

Bancos continuam concedendo crédito a agrogolpistas dentro da legalidade

Outro ministro da era Bolsonaro, o empresário Fábio Faria, das Comunicações, assumiu um cargo na equipe de Relações Institucionais do banco apenas três meses após deixar o governo. Durante as eleições de 2022, o genro do falecido empresário (apresentador, fazendeiro) Sílvio Santos disseminou notícias falsas sobre fraudes em estações de rádio, que estariam prejudicando a campanha de Jair Bolsonaro. Passadas as eleições, disse que se arrependeu.

No apagar das luzes do governo, Fábio Faria autorizou uma empresa do grupo BTG Pactual a captar R$ 2,5 bilhões para projetos de telecomunicações na modalidade incentivada, com redução na cobrança do imposto de renda para investidores. Além do ex-ministro, Bruno Bianco, chefe da Advocacia-Geral da União (AGU) fez o mesmo trajeto, assumindo o cargo de Gerente de Relacionamento Sênior do BTG após o fim do governo. Mas tem muito mais, veja no Relatório completo no link informado neste texto. De salientar que o AGRO é outro setor que “MAMA” nas tetas dos Governos (União, Estados e Municípios) e vive sempre reclamando dos R$ 600,00 do Bolsa Família ou dos R$ 1.518,00 do Salário Mínimo, dos gastos previdenciários que atendem aos mais necessitados, etc, etc, etc, etc! A hiprocrisia impera entre os grandões deste país!

Luís Fernando F Costa / Analista-Tributário da Receita Federal, que é DO BRASIL, (Aposentado), Advogado42019, Perito7863, Contador8556, ProfessorLP2570/93, Reg. Prof. Jornalista 0014425DF e Ativista Social.