01/06/2025 às 13:36
Um novo estudo analisou o impacto cerebral da cafeína, e revelou que a substância mantém o cérebro em estado de alerta mesmo durante o sono, e isso ocorre principalmente em jovens adultos.
A cafeína é uma substância presente em alguns alimentos, como o café, e que tem ação ergogênica e estimulante, aumentando o foco e a concentração.
A substância não é encontrada apenas no café, mas também em chás, chocolates, guaraná, bebidas energéticas e outros refrigerantes, tornando-se uma das substâncias psicoativas mais consumidas no mundo.
Em um estudo recente publicado na revista Nature Communications Biology, pesquisadores da Universidade de Montreal (UdeM) analisaram como a cafeína pode modificar o sono e influenciar a recuperação do cérebro — tanto física quanto cognitivamente. Entenda as descobertas do trabalho abaixo.
Como a cafeína afeta o nosso sono?
Os pesquisadores usaram inteligência artificial (IA) e registros da atividade cerebral noturna de 40 adultos saudáveis por meio de um eletroencefalograma (EEG) para estudar o efeito da cafeína no sono.
Os dados foram coletados em duas noites: em uma, os participantes consumiram cafeína três horas e depois uma hora antes de dormir. Na outra noite, os participantes tomaram placebo nos mesmos horários antes de dormir.
Foi observado, pela primeira vez, que o consumo da cafeína altera a complexidade dos sinais cerebrais durante o sono — mantendo o cérebro em um estado de maior atividade. Isso foi mais pronunciado em adultos entre 20 e 27 anos, em comparação com participantes de meia-idade (entre 41 e 58 anos), especialmente durante o sono REM, a fase associada aos sonhos.
A resposta maior à cafeína nos jovens é, provavelmente, por causa da maior densidade de adenosina em seus cérebros. Os receptores de adenosina diminuem naturalmente com a idade, reduzindo a capacidade da cafeína de bloqueá-los, o que pode explicar em parte o efeito reduzido da cafeína.
"A cafeína estimula o cérebro e o leva a um estado de criticidade, onde ele fica mais desperto, alerta e reativo. Embora isso seja útil durante o dia para a concentração, esse estado pode interferir no descanso à noite: o cérebro não relaxa nem se recupera adequadamente" - explicou Julie Carrier, professora da UdeM e coautora do estudo.
A IA entrou na pesquisa para identificar mudanças sutis na atividade neuronal. Philipp Thölke, autor principal do estudo, comentou em um comunicado: "Os resultados mostraram que a cafeína aumentou a complexidade dos sinais cerebrais, refletindo uma atividade neuronal mais dinâmica e menos previsível, especialmente durante a fase de sono sem movimento rápido dos olhos (NREM), crucial para a consolidação da memória e a recuperação cognitiva".
Os pesquisadores também notaram que a cafeína atenuou oscilações cerebrais mais lentas, geralmente associadas ao sono profundo e restaurador, e estimulou a atividade das ondas beta, mais comuns durante a vigília e o engajamento mental.
O estudo sugere que os adultos mais jovens (entre 20 e 27 anos) podem ser mais suscetíveis aos efeitos estimulantes da cafeína.
"Essas mudanças [nas ondas cerebrais] sugerem que, mesmo durante o sono, o cérebro permanece em um estado mais ativo e menos restaurador sob a influência da cafeína", comentou Karim Jerbi, coautor do estudo.
Os pesquisadores destacam ainda que mais pesquisas são necessárias para entender melhor como as alterações neurais afetam a saúde cognitiva e o funcionamento diário, e para orientar recomendações diárias de ingestão de cafeína para cada faixa etária.
Referências da notícia
How does coffee affect a sleeping brain?. 29 de maio, 2025. University of Montreal.
Caffeine induces age-dependent increases in brain complexity and criticality during sleep. 30 de abril, 2025. Thölke, et al.
Flávia Rosso / METEORED
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